domingo, 21 de novembro de 2010

O riacho e a mente - contos sobre Buda. Dicas para fugir da preocupação e viver com paz na mente.








"Um dia, Buda ia passando por uma floresta, era um dia quente de verão e ele estava sentindo muita sede.

Disse então ao seu discípulo:

-Volta para trás. Nós passamos por um pequeno riacho apenas cinco ou seis quilômetros. Traz-me um pouco de água - leva a minha tigela. Estou sentindo-me cansado e com muita sede.

Ele já estava velho. O discípulo voltou para trás, mas quando lá chegou, tinham acabado de passar alguns carros de bois pelo riacho, enchendo-o de lama. As folhas secas, que tinham assentado no fundo, estavam agora boiando na superfície; já não era possível beber esta água - estava muito suja.

Regressou de mãos vazias e explicou:

- Mestre, vai ter que esperar um pouco. Eu vou à frente. Disseram-me que uns três ou quatro quilômetros mais à frente há um grande rio. Vou lá buscar a água.

Mas Buda insistiu e pediu:

- Volta para trás e traz a água daquele riacho.


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O discípulo não conseguia perceber a insistência, mas, se o mestre dizia, ele tinha que obedecer. Mesmo vendo o absurdo daquilo tinha que voltar outra vez a andar cinco ou seis quilômetros, sabendo que a água não prestava para beber. 

E quando já ia se afastando, Buda disse-lhe:

- E não voltes para trás se a água ainda estiver suja, tu senta-te simplesmente quieto na margem. Não faças nada, não entres no riacho. Senta-te quieto na margem e observas. Mais cedo ou mais tarde a água vai ficar limpa outra vez e então podes encher a tigela e regressar.


O discípulo lá foi. Buda tinha razão: a água estava quase limpa, as folhas tinham-se ido embora, a poeira tinha assentado. Mas ainda não estava absolutamente limpa, por isso ele sentou-se na margem e ficou observando o riacho a correr, pouco e pouco, o riacho tornou-se cristalino.

Então o discípulo regressou dançando. Ele tinha compreendido porque é que Buda estava insistindo tanto. Havia nisto uma determinada mensagem, e ele tinha compreendido a mensagem.


Deu a água a Buda, agradeceu-lhe e tocou-lhe nos pés.

Buda perguntou:

- O que é que estás a fazer? Eu é que te devo agradecer por me teres trazido a água.

- Agora consigo compreender - disse o discípulo - primeiro, eu fiquei zangado; não demonstrei, mas estava zangado porque era absurdo voltar para trás. Mas agora entendo a mensagem. Era disto que eu precisava realmente neste momento. O mesmo acontece com a minha mente. Ao sentar-me na margem daquele riacho, fiquei ciente de que o mesmo se passa com a minha mente. Se eu saltar para dentro do riacho, vou deixá-lo sujo outra vez. Se eu saltar para dentro da minha mente, cria-se barulho, mais problemas começam a vir de cima, para a superfície.


Ao sentar-me na margem, eu aprendi a técnica. Agora vou sentar-me também ao lado da minha mente, a vê-la com toda a sujidade e problemas e folhas velhas e mágoas e feridas, memórias, desejos. Sem me preocupar, vou ficar sentado na margem à espera do momento em que tudo fique limpo".

(Fonte: contos populares indianos)


Comentário de Regis Mesquita:

Um dos segredos da vida boa é ter a capacidade de esperar, se assim você escolher. Este é um dos poderes que você deve buscar (o poder de esperar).

É importante ter sabedoria para reconhecer o momento de não fazer nada, de descansar a mente e esperar que a realidade se transforme.

A realidade sempre se transforma. Algumas vezes precisamos ser muito ativos; outras vezes precisamos ser extremamente passivos.

Primeiro deve-se planejar a vida que se quer ter. Depois vem as decisões sobre o que fazer e o que não fazer. Tão importante quanto decidir o que vai fazer é decidir o que não vai fazer.

Importante: acabe com a crença de que aquietar a mente significa não fazer nada para resolver os problemas e achar soluções.

Aquietar a mente significa ter mais paz para tomar as melhores decisões, no momento certo.

Segunda dica: preserve sua energia mental. Ela vale ouro. Hoje em dia, o stress e a tensão corporal aumentaram muito. Cabe a você se preservar para ter força para a luta que é realmente importante. 

DICA DE LEITURA:
A manhã sagrada: reorganize-se para criar um espaço sagrado de disciplina e satisfação


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Mente Neutra: a mente superior





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