BRUCE E. LEVINE
Em 2002, Kirsch e sua equipe na Universidade de Connecticut avaliaram retrospectivamente 47 estudos de tratamentos contra a depressão que haviam sido patrocinados por farmacêuticas responsáveis pelos antidepressivos fluoxetina, sertralina, paroxetina, venlafaxina, citalopram e nefazodona. Muitos desses estudos não haviam sido publicados, mas todos haviam sido submetidos à Agência de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA; todos os acrônimos são em inglês), de modo que Kirsch usou a Lei de Liberdade da Informação para obter acesso a todos os dados. Ele descobriu que, na maioria dos ensaios clínicos, os antidepressivos não conseguiram superar em desempenho as pílulas de placebo. “Todos os antidepressivos”, relatou Kirsch em 2010, “incluindo os bem conhecidos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRI), não causaram benefício clinicamente significativo em relação a um placebo.” Embora se tomados como um todo, os antidepressivos superem os placebos ligeiramente, a diferença é tão pequena que Kirsch e outros a descrevem como “clinicamente desprezível”.
Por que muitos médicos não estão a par da falta de vantagem dos antidepressivos em relação aos placebos? A resposta se tornou clara em 2008, quando o pesquisador e clínico Erick Turner (atualmente no Departamento de Psiquiatria e no Centro de Ética em Saúde, Universidade de Saúde e Ciências do Oregon) descobriu que estudos de antidepressivos com desfechos favoráveis tinham muito maior chance de serem aceitos para publicação do que aqueles com desfechos desfavoráveis. Ao analisar estudos publicados e recusados de antidepressivos, todos registrados junto ao FDA, no período de 1987 a 2004, Turner descobriu que 37 de 38 estudos com desfechos favoráveis foram publicados; no entanto, relatou Turner, “estudos que o FDA julgou ter resultados negativos ou questionáveis [para os antidepressivos] foram, com três exceções, ou recusados para publicação (22 estudos), ou publicados de uma forma que, em nossa opinião, transmitiu a [falsa] impressão de um desfecho positivo (onze estudos).”
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Comentário do site Psicologia Racional:
Não existe área mais vulnerável à propaganda enganosa do que a saúde mental. Boa parte do "conhecimento" que circula na sociedade é mentira ou manipulação da realidade.
Existem sérios problemas com os testes clínicos dos medicamentos: veja neste texto. Medicamentos com baixa eficiência são aprovados quando são escondidos os dados negativos.
Outra forma de manipulação é quanto ao diagnóstico. As empresas fazem marketing disfarçado de reportagens, contratam médicos para passar confiabilidade ao medicamento, promovem casos de sucesso do medicamento (tentam esconder os casos de fracasso).
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Ou seja, é a força do dinheiro contra a força da verdade.
As vezes, o dinheiro vence. Acredito que a médio prazo a verdade vai se impor. Mas, há uma longa luta pela frente.
Por outro lado...
É preciso usar os recursos medicamentosos. Com cuidado. Com critério. Quando bem usado, com parcimônia e equilíbrio pode ajudar muitas pessoas.
Fica o alerta:
o autor mostra que os medicamentos possuem (em média) eficiência reduzida.
Busque soluções não medicamentosas, mesmo quando estiver tomando remédios psiquiátricos.
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Boa tarde a todos!!
ResponderExcluirApreciei sim o artigo pois chama mesmo a atenção para a ética profissional,sou um estudante de psicologia e percebo o quanto mesmo numa simples conversa muitos problemas podem se resolverem com análises e não como um simples desabafo .A medicação eu não a contraindico mas peço comedimento,moderação.
Abraços Reginaldo Flozino de Souza.
Anápolis-Goiás