quinta-feira, 2 de junho de 2011

Distúrbio de atenção TDAH, por que tem tanto erro no diagnóstico? (a importância do movimento para a saúde psíquica das pessoas)



Criança reflete o que ela vive. Educar crianças. Deixar a criança se movimentar. Gaiarsa





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Uma das doenças da moda é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH - transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Ela está tão na moda que a imensa maioria dos diagnósticos estão errados. A falta de preparo de alguns profissionais e a ganância de outros gera um quadro calamitoso. As dificuldades da escola e de alguns pais em lidar com a frustração também ajuda na explosão de falsos diagnósticos.

Um especialista escreveu: "das 128 que tomavam remédios para tratá-lo, apenas 27,3% cumpriam os critérios diagnósticos para TDAH. - A coordenadora de uma das principais escolas de Brasília que me revelou que quase metade das crianças da escola já recebeu o diagnóstico. - Durante uma aula de educação física, uma professora dessa escola chamou a atenção de um aluno para seguir sua orientação e a resposta foi desconcertante: “Professora, não peça isso para mim. Sou TDAH”. (leia mais)


O quadro é calamitoso, porque estas pessoas diagnosticadas erradas sofrem pesadas consequências deste erro. Sabe-se que a droga estimulante que elas tomam (Ritalina e outras) aumenta a pré-disposição para a bipolaridade, por exemplo.


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Mas, o pior erro está em tratar algo que não existe e NÃO tratar o que existe. Isto é péssimo! E tem pesadas consequências para a vida destas pessoas.

Existe, porém, um outro motivo para esta explosão de diagnóstico errado. A algum tempo queria escrever sobre isto. Ao assistir o vídeo abaixo do pesquisador José Ângelo Gaiarsa me animei a escrever.








O CORPO HUMANO É PROGRAMADO PARA TER MUITO MOVIMENTO.

O problema atual: a constante diminuição do movimento das crianças. O aumento da obesidade é só um sintoma deste problema.

Correr, pular, exercitar, rolar, etc, são fundamentais para o estímulo do cérebro, para a focalização, desenvolvimento de atenção e concentração. O movimento alivia tensões, faz o corpo funcionar melhor, regula hormônios, etc. Movimento gera prazer, satisfação, alegria. O contato social que o movimento propicia ajuda a desenvolver a inteligência emocional, os conflitos do grupo favorecem inúmeros aprendizados.

Enfim, os ganhos são inúmeros. Brincar "à moda antiga" é uma escola e um estímulo para o desenvolvimento da atenção e do foco.

Na escola existe uma inibição progressiva dos movimentos. Antigamente isto já era um problemão. Atualmente, com a diminuição progressiva dos movimentos fora da escola, a situação ficou pior: o que temos são corpos desesperados para se mexerem, terem movimentos.

São corpos que querem correr, querem brincar, necessitam desesperadamente de interagir socialmente com outras crianças através de atividades como um "pega-pega". Tão importante quanto a brincadeira é serem GERENCIADOS por elas mesmas, neste momento lúdico.

O excesso de passividade (tvs, computadores, vídeo game), a falta de crianças para brincar (crianças que vivem com poucas crianças à sua volta), o excesso de atividades (cursos, escolinhas, etc), o consumismo destrutivo (excesso de brinquedos, roupas, desejos, etc). Tudo isto somado gera distúrbios comportamentais em várias crianças e gera uma vida menos feliz e menos eficiente para a maioria.


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Estas crianças estão sendo criadas para serem passivas, é a geração seguidora/consumidora. Até em festa infantil tem que ter monitor. Tem que ter alguém para dizer a elas do que brincar e como brincar. Elas seguem o que o monitor preparou. A espontaneidade, a criatividade e a interação social para descobrir o que fazer fica nais uma vez inibida.

Alguns adoecem , outros desenvolvem problemas comportamentais. Para todos fica faltando alguma coisa: o movimento na intensidade necessária, o brincar durante horas com um grupo grande de crianças. Falta o espaço para a espontaneidade, criatividade, descobertas e o desenvolvimento de habilidades sociais.







Vários dos sintomas de uma criança com privação de movimento e privação da interação social são parecidos com o TDAH. Daí uma parte da confusão e dos diagnósticos errados.

Professores, pais, adultos responsáveis devem preparar oportunidades para que as crianças brinquem durante horas com outras crianças, com bastante autonomia (já que autonomia total é impossível).


Autor: Regis Mesquita
Contato e Terapia: regismesquita@hotmail.com


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