Por Regis Mesquita
Desde a concepção e,
principalmente, logo após o nascimento, o bebê humano precisa do outro para
saber quem ele é.
Estes primeiros momentos da vida
humana são determinantes para a satisfação e segurança que ele sentirá na vida
adulta.
Funciona assim: um adulto
aproxima-se de um bebê e tem um surto de infantilização. Fala com o bebê com a
voz mudada, abraça-o, aperta, fala um monte de coisas boas para ele, cobre a
criança de beijos. Fala coisas assim: "bebezinho da titia, eu te amo
muito, te amo, etc". Neste momento,
o instinto de defesa do bebê "desconecta" o padrão luta ou fuga
(stress) em sua mente e entra em um "estado de espírito" de entrega,
aceitação, relaxamento, satisfação. Assim se forma a importantíssima
SEGURANÇA BÁSICA.
Este processo, repetido milhares de vezes, torna o que o OUTRO fala, sente e faz extremamente importante na vida humana.
Somos dependentes da visão dos outros para conosco. A vida adulta e a velhice
servem para diminuir o peso do outro
em nossa segurança básica.
MAIS TEXTOS DE REGIS MESQUITA
Nós construímos máscaras sociais
para agradar as pessoas e comunicar algo que consideramos importante para elas.
Somos recompensados ou punidos de acordo com a eficiência das máscaras.
Construímos grupos de amigos que nos ajudam a manter a identidade (quem somos).
Escolhemos empregos, roupas, valores, etc; fazemos tudo para manter a segurança
básica. Para mantê-la é preciso ter certeza de que se é reconhecido, observado,
amado, gostado ou RESPEITADO.
Queremos ser respeitados, dizem os
ateus em uma campanha publicitária. É o mesmo que dizer: queremos que vocês nos
vejam com bons olhos. Precisamos que vocês nos aceitem.
O que faz uma pessoa "bem de
vida" necessitar do RESPEITO de alguém que ele nem conhece? Porque isto é
tão importante?
A sensação de respeito está ligada
à segurança básica. Gera aquele bem
estar que descrevi antes: entrega, aceitação, relaxamento, satisfação...
Este processo de entrega é tão
importante que está relacionado até com o sexo. É a entrega que poderá transformar uma simples ejaculação em um orgasmo
poderoso - se a entrega for total a satisfação do orgasmo pode durar horas.
Pois bem: ateu também quer
reconhecimento, quer amor, quer simpatia. Somos e sempre seremos seres sociais.
Nosso corpo está planejado para funcionar bem com a socialização. Nosso corpo
inteiro, não só a mente. O sistema imunológico, por exemplo, é altamente
influenciado pela segurança básica.
Não existe nada melhor do que
olhar, tocar, observar quem você ama e depois abraçar, beijar, ter carinhos...
Se sentir aceito, gostado amado e RETRIBUIR. Esquecer de tudo, perder as
palavras... e ainda assim se sentir pleno. Esta segurança permite a abertura da
mente para estados alterados de consciência.
A segurança básica começa a se
formar no útero e ganha força nos primeiros meses após o nascimento. Depois a
usamos para tudo: amor, sexo, meditação, descanso, amizade, etc.
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O preconceito contra os ateus é tão
grande que: "criada em 2008, a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos
(Atea) teve negados seus pedidos para manifestar sua falta de credo em anúncios
nos ônibus de São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis a partir do fim
do ano passado" (UOL). Ou seja, não quiseram o dinheiro dos ateus. Aceitam
até propaganda enganosa, mas não propaganda de ateu.
Eles, os ateus, querem dizer:
"somos bebezinhos como vocês. Queremos ser gostados, ouvidos, respeitados.
Queremos desligar nossos sistemas de
autodefesa, para poder ter a mesma satisfação profunda que vocês. Também
queremos brincar".
Usei este exemplo para mostrar a
vocês um traço da personalidade humana (segurança básica) que é constantemente
desprezada. A falta de segurança básica
está relacionada ao aumento da depressão, do pânico, das excentricidades, e
outros problemas.
Cada vez que a criança NÃO cria um vínculo afetivo com um brinquedo, com um amigo ou uma roupa (por exemplo), ela
se afasta da segurança básica. Sem vínculo afetivo, ela fica com o sistema de
autodefesa em alerta máxima, ou seja, em stress muito alto. Ela passa a viver
superficialmente, com medo, ansiedade, com medo do fracasso, com medo de ser
"abandonado" ou desprestigiado. A solução: passa a imitar os outros ou a moda para não ter que ser ele mesmo;
imitando, ele não precisa olhar para o vazio interior que se formou.
Padrão típico destas pessoas: tem medo de dizer "eu te amo" ou "eu gosto de você". Mas, é
craque em beijar quem nem conhece. Mas... se for para beijar quem ele gosta,
fica difícil, muito difícil.
Esquisita esta escolha, não é?
Para saber mais da campanha dos ateus: https://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-outdoors-da-atea
Autor: Regis Mesquita
Para saber mais da campanha dos ateus: https://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/os-outdoors-da-atea
Autor: Regis Mesquita
Contato, Orientação e Terapia: regismesquita@hotmail.com
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