Berna (Suiça) - Ela se chama
Aliaa Magda Elmahdy, é egípcia e decidiu enfrentar os islamitas que, pelo jeito,
se apropriaram da « primavera árabe ».
Ameaçada de morte, essa jovem de 20 anos, ainda
com cara de adolescente, tirou toda roupa e nua desfechou seu ataque contra os
fanáticos muçulmanos, capazes de acabarem com todos os direitos das mulheres
conquistados, no século passado, pela mulheres egípcias e mergulharem o Egito
numa Idade Média corânica.
« Eu reivindico minha liberdade sexual, o
direito de não me casar, meu ateismo. As mulheres devem poder viver sua vida
como bem entendem », é o desafio lançado por Aliaa.
Se fosse na França medieval, ela seria queimada na
fogueira como filha do diabo ou feiticieira, pelos religiosos católicos da
Inquisição. Mas a Idade Média cristã-ocidental acabou com a modernização do
cristinianismo decorrente dos movimentos da Reforma, de Lutero a Zwinglio e
Calvino, e seus estertores foram provocados pela Renascença e pelo Iluminismo,
com o laicismo sacralizado pela Revolução Francesa.
Entretanto, no mundo religioso árabe, sem uma
central religiosa ditadora dos dogmas, como o Vaticano, ainda é difícil se
esperar uma modernização e uma leitura liberal do Corão, para se chegar à
moderação e a uma separação do poder divino e poder temporal como aconteceu na
Europa. Além disso, a divisão entre sunitas e xiitas (minoritários), é
relativizada pela ascenção dos integristas que pregam o retorno à chariá, a
aplicação literal da lei do Corão, uma lei que poderia ter seu lugar naqueles
anos do VII século, mas hoje é uma lei cruel e desumana.
Por que a importância do desafio de Aliaa Magda
Elmahdy ? Porque a tendência hoje, nos países transformados pela « primavera
árabe » é a do poder político ser tomado pelos Irmãos Muçulmanos, movimento
integrista combatido na tentativa panarábica do líder laico, anticolonialista e
não religioso Gamal Abel Nasser. Para Nasser, a tentativa frustrada de
unificação árabe visava criar uma frente contra os países colonialistas,
Inglaterra e França principalmente, para desenvolver os países árabes.
Os integristas de hoje estão conseguindo a
unificação árabe pela religião e, embora os inimigos sejam praticamente os
mesmos, os ocidentais, mas as consequências serão desastrosas. O integrismo
islamita se alimenta da pobreza, já que os donos do petróleo não souberam
distribuir a riqueza nem instaurar regimes com participação popular.
A instauração da chariá é o retorno literal aos
preceitos do Corão com punições físicas, tortura e morte, em nome de uma
rigorosa moralização dos costumes. E as principais vítimas são as mulheres, que
retornam a ser meros objetos, obrigadas a cobrir todo o corpo a fim de não
tentarem os homens. Justamente quando estavam conquistando alguns dos direitos
mais que comuns entre as mulheres ocidentais.
Evidentemente, existe a exceção turca, país
muçulmano que optou pela laicidade, na queda do Império Otomano. O risco é o dos
islamitas, usando de força e inquisição, acabarem com sociedades muçulmanas
liberais como a existente na Tunísia. Quanto ao Egito, parece já ter o destino
selado, devendo ser proibido mesmo às turistas se bronzearem nas praias.
LEIA: Estimulando a Felicidade
Em termos futuros, basta se imaginar a presença de
governos teocráticos islamitas em frente à Europa, do outro lado do
Mediterrâneo. Sem se contar a atual presença islamita dentro da Europa. E o mais
absurdo é que foi o próprio Ocidente o autor desse quadro – a destruição do
Iraque de Sadam Hussein e da Líbia de Kadafi foram o equivalente a retirar as
barreiras que continham os xiitas do Irã e os Irmãos Muçulmanos do Egito.
Abriu-se a Caixa de Pandora.
LEIA: Submissão das mulheres, a face pervertida do servir. A necessidade da mulher se autoafirmar para que a sociedade possa superar preconceitos
Autor: Rui Martins
Autor: Rui Martins
Fonte: Blog Direto da Redação
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Conheça o homem que é o inimigo número um da Al Qaeda. Ela paga 60 milhões de dólares para quem assassiná-lo.
Cristãos perseguidos, tragédia sem fim. Porque o assassinato de centenas de milhares de cristãos não é notícia na televisão?
Comentário do site Psicologia Racional:
Esta mulher tem muita coragem. Revelou um grande problema das mulheres ao redor do planeta: o direito de decidir a própria vida sem ser incomodada por ninguém.
Outras mulheres também estão lutando, com outros recursos. Algumas clamam pelo direito de dirigir automóvel (o que é negado em muitos países islâmicos), outras exigem ter o mesmo direito de herança que seus irmãos (a mulher recebe uma herança menor, segundo as leis islâmicas) ou que seu testemunho frente a juízes tenha exatamente o mesmo valor que o testemunho masculino, etc.
Um texto interessante sobre o momento atual do islamismo é este aqui.
Uma mulher que vive bem com o marido e com a família, que vive em paz e harmonia, não sentirá falta de seus direitos humanos básicos nestas sociedades. Pois o respeito e o amor em família será muito recompensador.
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O grande problema acontece quando existem pessoas ou situações desequilibradas. A democracia permite que esta mulher tenha como reagir e se defender. Nestas sociedades, não. Ou melhor, a capacidade de reação desta mulher é tão baixa e a punição tão alta que a imensa maioria aceita sua sina de infelicidade e sofrimento.
É melhor sofrer calada para não ficar pior. Correr risco de perder a guarda dos filhos, por exemplo, por não aguentar mais ser humilhada pelo marido e se separar, é uma punição gigantesca. São dezenas de mecanismos de punições para a mulher que vive mal e deseja decidir seu próprio caminho. Todas estas punições praticamente impedem um novo começo e a construção de uma felicidade plena e duradoura.
É melhor sofrer calada para não ficar pior. Correr risco de perder a guarda dos filhos, por exemplo, por não aguentar mais ser humilhada pelo marido e se separar, é uma punição gigantesca. São dezenas de mecanismos de punições para a mulher que vive mal e deseja decidir seu próprio caminho. Todas estas punições praticamente impedem um novo começo e a construção de uma felicidade plena e duradoura.
Sociedade democrática, que respeita a autodeterninação das pessoas, é importantíssima para todas as pessoas. É especialmente importante para permitir que pessoas que estão frente a situações terríveis possam escolher outro caminho.
A democracia e o respeito às liberdades individuais é o melhor caminho. Você, que as vezes reclama, saiba que tudo pode ficar pior sem o respeito aos direitos humanos.
"As sociedades
democráticas são sociedades nas quais conflitos podem aparecer, podem ser
encarados de frente e podem ser resolvidos positivamente. Ou seja, são
sociedades que permitem e facilitam às pessoas recomeçarem a vida e seguirem
suas vocações. São sociedades nas quais as
pessoas são mais facilmente aceitas e respeitadas em suas individualidades e em
seus desafios".
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Muito obrigado pelo blog.
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