sábado, 21 de abril de 2012

Aprendendo a viver a vida – o homem que descobriu seu caminho para a vida plena. Um exemplo de vida de quem enfrentou o câncer.










Amigos do site Psicologia Racional,


Abaixo você lerá um testemunho de vida. Os números entre parênteses são comentários meus e estão no final do texto.


"Olhos abertos

Enquanto a doença não passa rente a nós, a vida nos parece infinita e acreditamos que sempre haverá tempo para lutarmos pela felicidade. Antes preciso obter meus diplomas, receber meus créditos, é preciso que as crianças cresçam, que eu me aposente... mais tarde pensarei na felicidade(1). Adiando sempre para o dia seguinte a busca do essencial, corremos o risco de deixar a vida escoar entre nossos dedos, sem jamais tê-la de fato saboreado.


É essa curiosa miopia, são essas hesitações, que o câncer vem por vezes abalar. Devolvendo à vida sua verdadeira fragilidade, ele lhe restitui seu autêntico sabor (2). Algumas semanas depois de receber o diagnóstico de câncer no cérebro, tive o sentimento estranho de que tinham acabado de retirar as lentes cinzentas que velavam minha vista. Um domingo à tarde, eu olhava Anna no pequeno cômodo ensolarado de nossa minúscula casa. Ela estava sentada no chão, ao lado de uma mesa baixa, tentando traduzir poemas do francês para o inglês, com um ar concentrado e calmo. Pela primeira vez eu a via como ela era, sem me perguntar se eu devia ou não preferi-la em vez de uma outra. Eu via simplesmente sua mecha de cabelo caindo graciosamente quando ela inclinava a cabeça sobre o livro, a delicadeza de seus dedos segurando tão levemente a caneta. Estava surpreso por nunca ter notado (3) a que ponto as imperceptíveis contrações de seu queixo, quando ela tinha dificuldade para encontrar a palavra que procurava, podiam ser comovedoras. Tinha a impressão de vê-la de repente tal como ela era de fato, liberada de minhas questões e minhas dúvidas. Sua presença se tornava inacreditavelmente enternecedora. O simples fato de poder partilhar aquele instante me surgia como um privilégio imenso (4). Como eu pudera deixar de vê-la assim antes (5)?


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Assim, a proximidade da morte pode trazer às vezes uma espécie de libertação. À sua sombra, a vida adquire de repente uma intensidade, uma sonoridade, um sabor - todos desconhecidos. Bem entendido, chegada a hora, não há como não ficar terrivelmente triste por ir embora, como quando se tem de dizer adeus para sempre a uma pessoa amada. A maior parte de nós teme essa tristeza. Mas, no fundo, o mais triste não seria partir sem ter provado o sabor da vida? O mais terrível não seria, no momento de deixar a vida, não ter nenhum motivo para ficar triste? De minha parte, nunca tinha encarado o mundo sob este ângulo (6)".

Do livro Anticâncer, pag. 42 e 43






Comentários de Regis Mesquita:

(1) As pessoas pensam muito em felicidade. Grande parte acredita que felicidade é igual a realizar desejos e atingir alguns objetivos. Não, não é. É mais do que isto. Ao invés de pensar em felicidade, pense em vida plena. O conceito "vida plena" é melhor porque cada um tem sua cruz e nem sempre a vida está isenta de grande desafios. Viver plenamente a realidade e suas potencialidades. O autor descreve com muita simplicidade o que é uma vida plena, que vai muito além da vida de desejos, fantasias e do foco no futuro.


(2) “Devolvendo à vida sua verdadeira fragilidade, ele lhe restitui seu autêntico sabor”. Observe esta frase! Fragilidade: a vida plena é frágil, pois é a entrega e a aceitação. Vida plena contém menos bloqueios, menos condicionamentos, é a abertura para a vida completa. É uma vida ativa, uma vida que todos podem praticar para alcançá-la. A mente do autor descobriu uma forma diferente e mais eficiente de viver. Ele ficou encantado! A vida plena é a vida completa.



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Sobre a fragilidade: o caminho mais difícil é o mais usado hoje em dia: a megalomania. Pense bem na frase: “você pode ter tudo o que você quiser”. Qualquer criança sabe que isto não é verdade. Todos os pensamentos megalomaníacos servem dar um pouco de motivação para os seres humanos que estão distantes da vida plena. Todavia, há um preço a pagar. Um preço caro! A vida plena é o oposto da megalomania. Na vida plena você sabe que você é frágil, pequeno e que não é o centro de nada. Mas, em compensação você é completo e não despreza nada. Você usufrui e aproveita o que existe. Vive intensamente, se abre para aprender e para a sabedoria.








(3) Ele descreve como saiu de um “sonho” e passou a viver o que é real. Vivia preso em suas fantasias, traumas, condicionamentos – desprezava o que estava na sua frente. Chamamos este fenômeno de INTENSIFICAR A VIDA.

(4) Ele entrou em um estado de consciência clara, a vida plena. Sua vivência se focou no presente, no que existe. Com isto do seu interior começou a FLUIR sentimentos, sabedorias e experiências mais intensas e satisfatórias.


(5) “Como eu pudera deixar de vê-la assim antes”? O autor estava “dormindo” em suas fantasias, era um desperdiçador. Este "dormir" gera dúvidas, angústia, insatisfação, etc. As pessoas tentam compensar esta limitação e ausência de vida/energia com fantasias, desejos e “querer”. Por isto as pessoas adoram as teorias megalomaníacas, tipo “o universo conspira a seu favor”. Raciocine comigo: a pessoa despreza o que está ao seu lado, mas não percebe isso - vive um vazio e procura compensação – acredita na ilusão de que o universo, todo ele, age a seu favor. É muito primário. Deus projetou a vida para nos oferecer condições de enfrentar os desafios e aprender. Podemos aproveitar os recursos e o caminho que Ele indicou. É nossa responsabilidade. O que Deus quer é que nosso espírito evolua, só isso.  É simples: se o autor tem uma esposa, nada melhor que viver intensamente este vínculo, assim poderá aprender mais. Nada de conspiração. Apenas aproveitar o que está no “focinho” e ir aos poucos dinamizando o vínculo e superando os obstáculos. É isto que o autor mostra.


(6) A morte coloca tudo na dimensão de importância que as coisas têm para o espírito. Este choque de prioridades ajuda a redimensionar as escolhas da mente e as posturas frente à vida. Este fenômeno foi muito bem descrito no texto, por isto o selecionei. Mais explicações leia o site Caminho Nobre: https://caminhonobre.com.br/


Autor dos comentários: Regis Mesquita
Contato e Terapia: regismesquita@hotmail.com


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