Amigos do
site Psicologia Racional,
O texto
abaixo, retirado do livro Anticâncer, explica a dificuldade em dar continuidade
em pesquisas com medicina natural.
Quem financia
estas pesquisas? Quem se aventura em pesquisar curas naturais sofre com falta
de verbas. Além disso, os relatos de boicotes são inúmeros.
As
pesquisas baseadas em curas naturais praticamente não recebem nenhum dinheiro
público no Brasil.
E o pior,
o dinheiro da indústria farmacêutica tem sido usado como complementação de
salário de muitos pesquisadores de órgãos públicos. Quem vai querer “brigar”
com quem lhe abre as portas para ganhar mais dinheiro? Sabemos que os idealistas são poucos.
Esta força
política e ideológica que o dinheiro proporciona a um grupo econômico prejudica a população como um todo.
Coloquei o
texto abaixo como ilustração da dificuldade que é gerar conhecimento científico
quando se está produzindo cura que contraria os rumos ideológicos e econômicos
vigentes.
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Mas,
existem os que lutam!
“As frutas vermelhas: amora, framboesa, morango, mirtilo
(blueberry)...
A outra
pista mais ativamente explorada pela indústria farmacêutica na luta contra o
câncer diz respeito aos remédios capazes de bloquear a angiogênese (explicação
abaixo).
Richard
Béliveau também trabalha desde a metade dos anos 1990 com os medicamentos
contra a angiogênese que a indústria lhe pede para testar no seu laboratório.
Seu trabalho consiste em fazer crescer in vitro células de vasos sanguíneos
submetidas aos aceleradores de crescimento fabricados pelos tumores cancerosos.
Aplicam-se em seguida, com a ajuda de uma micropipeta, fraquíssimas doses do
medicamento a ser testado para medir sua capacidade de impedir a formação de
novos vasos apesar da estimulação. É preciso esperar vários dias para observar
efeitos com frequência sutis de se detectar.
Béliveau se lembra das manhãs em que chegava ao seu laboratório impaciente para
saber se esta ou aquela nova molécula tinha passado no teste. Quando constatava
a eficácia do medicamento, sentia a adrenalina subindo, no seu corpo.
Imediatamente apanhava o telefone, chamava seu contato na companhia
farmacêutica e trombeteava: "Conseguimos um!” Logo em seguida passava os
resultados por fax ao seu superexcitado interlocutor e às vezes recebia no mesmo dia uma subvenção que podia chegar a centenas de
milhares de dólares, suficientes para lançar um programa de pesquisa de grande
envergadura. Contudo, havia sempre uma sombra
maior no quadro: 95% daquelas moléculas sintéticas promissoras terminavam nas masmorras
da medicina ao serem avaliadas nos animais e depois nos humanos. Mesmo que possem
eficazes in vitro contra as células cancerosas, elas geralmente eram tóxicas
demais para que pudessem ser prescritas. Mas, hoje, no laboratório de medicina
molecular do hospital infantil Sainte-Justine, o clima já é inteiramente outro.
Recentemente, em vez de uma nova molécula química, Béliveau teve a ideia de
avaliar o potencial antiangiogênico de um extrato
de framboesa. O ácido elágico é um polifenol abundante na framboesa e no
morango (é encontrado também nas nozes e nas avelãs). Em doses comparáveis às
do consumo normal de framboesas ou morangos, esse ácido já tinha provado sua
capacidade de desacelerar consideravelmente o crescimento de tumores cancerosos em camundongos
submetidos a cancerígenos agressivos.
Testado
com o mesmo rigor aplicado a um remédio, o ácido elágico da framboesa
revelou-se potencialmente tão eficaz quanto os remédios conhecidos para
desacelerar o crescimento dos vasos. Com efeito, ele é ativo contra os dois
mecanismos de estimulação dos vasos mais comuns (fator de crescimento endotelial
vascular, ou VEGF, e fator de crescimento derivado de plaquetas, ou PDGF). Richard Béliveau sabia da importância dessa descoberta. Se se 1 tratasse
de uma molécula farmacêutica, seu aparelho de fax teria crepitado o dia
inteiro, e as subvenções afluiriam de todas as partes. Além do mais, nesse caso,
o risco de se descobrir em um segundo momento que a molécula mágica é era
tóxica demais estava excluído, dado que os hominídeos vêm consumindo framboesas
desde a aurora dos tempos. Mas a quem telefonar? Não há patente possível para as
framboesas. Não havia, portanto, ninguém do outro lado da linha com quem
partilhar a excitação, nenhum fax, nem subvenções.
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Outro
alimento anticâncer natural é a cereja, que contém ácido glucárico, uma
substância que tem a capacidade de desintoxicar o organismo dos xenoestrógenos
presentes no meio ambiente.” Os mirtilos possuem antocianidinas e
proantocianidinas, que são capazes de forçar as células cancerosas ao suicídio
celular (apoptose). Em laboratório,
essas moléculas agem sobre várias linhagens cancerosas, particularmente a do cólon. Outras fontes extremamente
ricas de proantocianidinas são o oxicoco, a canela e o chocolate (amargo).
Fonte:
Livro Anticâncer, editora Fontonar, pag 145 e 146
PS1: o
estudo científico das técnicas naturais é importante para determinar quais são
mais eficientes e para o que são melhores. Também é importante para desenvolver
metodologias de pesquisas adequadas à estas áreas.
PS2: Leia o interessante texto da revista da Fundação Osvaldo Cruz: Laboratórios Farmacêuticos e Pesquisa Clínica - laços de corrupção. Neste texto encontrará casos como este: "...cita o caso de Joseph L. Biederman, professor de Psiquiatria da Harvard Medical School — seu colega —, também chefe da psicofarmacologia pediátrica do Harvard’s Massachusetts General Hospital. “Graças a ele, crianças de 2 anos são diagnosticadas com desordem bipolar e tratadas com coquetel de drogas poderosas, muitas não-aprovadas pela Food and Drug Administration [FDA, a agência reguladora americana] para esta finalidade e nenhuma delas aprovada para crianças abaixo de 10 anos”. ... Especialistas ouvidos pelo New York Times, porém, acharam os estudos de Beiderman precários e inconclusivos, relata Marcia. O senador descobriu que Beiderman recebeu US$ 1,6 milhão por consultoria e palestras entre 2000 e 2007 de laboratórios".
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