A vida de policial é muito difícil. Uma parcela significativa deles desenvolve problemas psicológicos graves. Alcoolismo, consumo de drogas, depressão, problemas sérios com esposa e filhos, etc.
Comparado com o resto da sociedade, os policiais tem mais problemas psicológicos. Já tratei de vários deles, e aprendi muito sobre alguns comportamentos que os destroem.
Antes de continuar com meu texto sugiro que leiam o texto abaixo:
"Na madrugada do dia 31 de outubro, centenas de policiais militares com
cavalaria, cachorros e viaturas da Rota invadiram a comunidade São Remo -
vizinha à USP, que existe há mais de 40 anos e, onde moram mais de 13 mil
pessoas - arrombando casas de trabalhadores muitos dos quais funcionários
efetivos e terceirizados da USP.
Uma companheira, funcionária da USP, que teve sua porta arrombada, pelos coturnos dos soldados, pediu o mandado judicial e recebeu dois tapas, no rosto, de um policial que gritava: - está aqui!. Em várias outras casas, os policiais quebraram móveis, eletrodomésticos e, quando os moradores protestaram dizendo que eram trabalhadores, ouviram dos policiais que quem mora na favela e não paga IPTU é bandido". Continue lendo
Uma companheira, funcionária da USP, que teve sua porta arrombada, pelos coturnos dos soldados, pediu o mandado judicial e recebeu dois tapas, no rosto, de um policial que gritava: - está aqui!. Em várias outras casas, os policiais quebraram móveis, eletrodomésticos e, quando os moradores protestaram dizendo que eram trabalhadores, ouviram dos policiais que quem mora na favela e não paga IPTU é bandido". Continue lendo
Quero discutir esta triste situação sob a ótica da saúde mental dos policiais.
Qual a origem social destes policiais de mais baixa patente? Praticamente a mesma das pessoas que eles agrediam livremente. Eles desqualificam estas pessoas, que poderiam ser seus parentes, amigos ou filhos. Cria-se um condicionamento mental: a agressividade deve ser direcionada para aqueles que são como eu.
Agressividade mais autodesqualificação atua na mente destes profissionais gerando alta dose de ansiedade e angústia.
Quem treina para usar a agressividade em um momento da vida, aprende a gerar a agressividade em todos os momentos. É como diz uma frase de Nietzsche: "a pessoa belicosa em momentos de paz briga com ela mesma".
Atribuo grande parte do sucesso dos tratamentos que fiz com policiais ao descondicionamento da agressividade dirigida às pessoas mais humildes. É a melhor forma deles aprenderem a não cultivar as várias formas de agressividade na vida cotidiana.
Policial deve ter autoridade. Sem isso, não há como trabalhar. Outra coisa é o autoritarismo, que é o primeiro incentivo para a PERDA DE CONTROLE na hora do trabalho e em outros momentos.
Todo policial deve ser treinado para ser educado, firme e dedicado. É a melhor forma de controle do stress e a melhor forma de gerar um vínculo positivo com as pessoas (o que facilita seu trabalho).
Não existe contradição entre ter autoridade e ser educado, firme e dedicado.
O primeiro passo é aprender a se defender.
O policial de índole agressiva, que se autodesvaloriza, costuma se colocar em risco. Vou dar um exemplo: o policial para um carro. Vai até a porta e manda o sujeito sair do carro, intimida, etc. Se o sujeito tiver uma arma nem dá tempo dele reagir. O policial acredita que sua postura agressiva o protege, mas é o oposto.
O policial que gosta de si faz assim: para o carro e, se protegendo, manda o sujeito sair do carro. Ao ter certeza que não há risco para si, manda delicadamente o sujeito virar de costas, para ser revistado educadamente. São várias PROTEÇÕES ANTI-STRESS: se defender, ser delicado, ser educado, etc.
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A autoridade deve ser preservada, sem ela não há serviço bem feito.
Este mecanismo de PROTEÇÃO MENTAL é extremamente importante para toda a sociedade. É muito importante para os mais pobres, que sofrem mais abusos. Porém, é de extrema importância para o próprio policial e seus familiares - equilíbrio mental é sinal de família mais unida e satisfeita.
É muito mais fácil capturar bandidos quando a população tem laços de confiança com a polícia. Através da confiança cria-se uma rede de informações muito mais eficiente. Torna-se mais fácil descobrir e capturar bandidos e assassinos.
Todos saem ganhando, pois onde a educação, a delicadeza e o respeito prevalecem é mais fácil de trabalhar - justamente porque o stress diminui muito e a racionalidade/eficiência aumenta.
Esta filosofia tem sido vitoriosa em vários casos que atendi. Uma vida melhor para os policiais, suas famílias e mais eficiência no combate ao crime.
Todos somos seres humanos e todos merecemos viver bem, felizes e satisfeitos. O respeito e o controle da agressividade é parte fundamental desta conquista.
Autor: Regis Mesquita
Contato e Terapia: regismesquita@hotmail.com
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É isso mesmo, há que se considerar que boa parte dos policias vivem na periferia e quando agridem os seus iguais é como estivessem agredindo a si mesmos.
ResponderExcluirMuito bom o artigo.
Hugo
Bons posts os seus, parabéns
ResponderExcluirhttp://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-forma-como-os-policiais-se-destroem
Excelente texto, você alguma bibliografia ou conhece pesquisa feita sobre isso no Brasil? a maior parte das abordagens que eu conheço trabalham as questões políticas e institucionais, mas nunca li nada da psicologia a respeito. É muito interessante observar como as ações violentas afetam individualmente os policiais.
ResponderExcluirObrigado por partilhar suas experiências!
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