Administrar a falta é diferente de administrar o excesso.
Há duzentos mil anos, quando surgiu o Homo sapiens, fazia
parte de sua dieta comer restos de outros animais (como o urubu).
Funcionava assim: o leão caçava e deixava os ossos. O ser
humano primitivo pegava estes ossos e comia o tutano e outros restos de carnes.
Traduzindo: quando tinha alguma comida era importante comer o máximo possível. Não se sabia quando teria outra alimentação.
Os milênios foram passando e o homo sapiens aprendeu a cultivar,
criar animais, adubar a terra, estocar e processar os alimentos.
Duzentos mil anos depois grande parte da humanidade vive um
dilema: como administrar o excesso de alimento.
Excesso torna-se tóxico, fonte de doença, desavença e stress.
Vou contar algumas histórias para que você possa refletir:
João preparou um churrasco para seus amigos. Disse que a
graça do churrasco é ter muita bebida e muita carne.
Falou assim: “o importante é que tenha bebida para beber e
derramar”.
Ou seja, ele tem um profundo
prazer em saber que tem bebida à vontade, até para sobrar ou desperdiçar.
Este é um prazer que IMPREGNOU a mente humana naquela época da escassez e que domina a mente das pessoas
até hoje.
VÍDEO do Canal Caminho Nobre: A autoprivação não permitirá que o estresse da vida domine a sua mente
Naquela época, frente à escassez, as pessoas tinham como
ideal encontrar muita comida e comer “até morrer”. Comer muito, o máximo que
puder.
Naquela época, a pessoa não sabia quando comeria de novo. A
comida era a senha para dias felizes de fartura, mais disposição e menos
doença.
Hoje em dia, depois de “comer até morrer”, o sujeito já está
pensando no que comerá em seguida.
A garantia alimentar, que
é ótima, acaba por ser também uma fonte de sofrimento.
Concluindo: durante mais de 200 mil anos o ser humano
associou o excesso com prazer e segurança.
E continua associando porque sua mente está impregnada com
esta ideia
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Joaquina é uma menina de 11 anos de classe alta de São Paulo.
Filha de pais dedicados e amorosos que querem o melhor para ela.
Ela estuda alemão, inglês, espanhol, chinês. Além, é claro, do
português.
Seus pais querem ter a certeza de que estão oferecendo o
melhor para ela, no futuro, ter um ótimo emprego e uma vida boa.
Os pais de Joaquina são outro exemplo claro de que a mente de
duzentos mil anos atrás continua funcionando.
Eles se sentem seguros e se reconhecem como pais dedicados
(prazer) quando oferecem o excesso.
Pergunto: qual a necessidade
real da Joaquina aprender todas estas línguas aos 11 anos?
Existe uma probabilidade de 99,9% de ser um excesso que gera
prazer e segurança nos pais.
O mais provável é que aos 25 anos a Joaquina não saiba falar
alemão e nem chinês.
Saiba falar pouco de espanhol. Se chegar nesta idade
sabendo falar bem inglês já está ótimo.
Todavia, como o excesso pode se tornar uma maldição, existe o
risco de nem o inglês ela dominar completamente.
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Tinha um custo de vida altíssimo e seus filhos tinham do “bom
e do melhor”.
Os filhos do Luis estavam sempre reclamando e querendo mais e
mais.
Não eram mais satisfeitos e nem mais felizes que outras
crianças.
O excesso não trouxe o
bem estar que os pais acreditavam que traria.
Ao contrário, as crianças não aprenderam a tolerar a
frustração e nem ter prazer com o que é simples e está à disposição.
Na prática, desprezavam o que tinham. Por isto, não paravam
de desejar e exigir mais.
Eram impulsivos que corriam atrás de satisfazer seus desejos.
Os pais se perguntavam onde erraram.
O que queriam era oferecer tudo de bom para os filhos.
Treinaram a mente dos filhos para nunca estarem satisfeitas
.
Como todos que vivem o
excesso, eles não identificavam suas ações como negativas.
Um dos motivos é que o excesso traz prazer.
A mãe gosta de ver o filho sorrir quando ganha um brinquedo;
ela fica tentada a usar várias vezes este recurso para ter a mesma resposta:
presente igual a sorriso.
A verdade, porém, é esta: uma criança que ganha poucos brinquedos sorri o
mesmo tanto que a que ganha muitos brinquedos.
O maior dos sorrisos está em brincar e não em ganhar.
A excitação do ganhar
acaba logo.
A alegria de brincar dura horas, dias, meses e anos.
O foco dos pais consumistas antiecológicos está no ter, nas
posses.
O foco da alma e da vida boa está no brincar.
Na posse, o exagero
gera prazer.
No brincar, o exagero
atrapalha.
É por isto que crianças pobres constroem brinquedos com
poucas coisas e brincam muito.
Já as crianças que
muito possuem desprezam o que está à sua mão e desejam o que não possuem.
Ou seja, crianças com excesso brincam menos (1).
- Textos sobre desejos, consumismo e infelicidade: AQUI, AQUI E AQUI.
- Textos sobre desejos, consumismo e infelicidade: AQUI, AQUI E AQUI.
Administrar o excesso passou a ser o principal foco da vida
moderna.
Lembre-se: normalmente
você não vai considerar o excesso como excesso. Não se deixe enganar pela sua
mente.
Aprenda a migrar da mente reativa (a mente que relatamos
aqui) para a Mente Neutra. (Saiba mais aqui.)
Este é um grande desafio para você e para sua geração.
Esteja atento, treine
sua mente a identificar o excesso como risco e fonte de desprazer e ineficácia.
Autor: Regis Mesquita
Consulta e Terapia: regismesquita@hotmail.com
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PS: uma estratégia interessante das crianças que vivem em
meio ao excesso é focar em poucos brinquedos e desprezar todo o resto. Ao criar
vínculos com alguns brinquedos, ela “foge do excesso” e consegue o foco
necessário para o brincar/criar - e multiplicar sua satisfação. (Para saber mais, clique aqui.)
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A essência da autossabotagem: negativização da realidade e abusca de vantagens. Veja estes exemplos!
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