A notícia (verdadeira) do blog Tijolaço mostrando mais uma postagem falsa
circulando no Facebook indignou muitas pessoas.
Um
sujeito, cheio de ódio no coração, manipula uma imagem e cria uma mentira.
Pessoas compartilham a mentira e pronto... milhões de pessoas são impactadas
pelo ódio mentiroso de um desequilibrado.
Quem
ganha com isto?
A
maldade, a sacanagem, a ignorância e, certamente, algumas pessoas interessadas
em política e poder.
Quem
perde?
Todas
as pessoas que presam pela verdade.
Este
problema não é só do Brasil. Acontece em todo o mundo. Pete Brown, da
Universidade de Oxford, escreveu o artigo abaixo (cuja reprodução é livre)
incentivando as pessoas a combaterem as mentiras da internet (no quesito
mentiras o Facebook é imbatível).
Seis
formas muito fáceis de descobrir se uma notícia da internet é falsa
"E
assim começa ... bandeira ISIS (Estado Islâmico) é vista entre os refugiados, na Alemanha, durante briga com a polícia", diz a
manchete do Conservative Post; "Com esta nova imagem vazada, tudo parece
confirmado". A imagem em questão supostamente mostrava um grupo de
refugiados sírios com bandeiras do ISIS (estado Islâmico) e atacando policiais
alemães.
Para
os que resistem em aceitar os refugiados na Europa, esta história foi uma
dádiva de Deus. A foto se espalhou rapidamente através da mídia social,
impulsionada por grupos de extrema direita, como o English Defence League... No
momento em que escrevo, a página alega que a foto foi compartilhada mais de
300.000 vezes.
O
problema é que a foto é de três anos atrás, e não tem nada a ver com a crise de
refugiados. Na verdade, ela parece ter sido tirada em um confronto entre
membros da extrema-direita do partido Pro NRW e um grupo de muçulmanos, que
ocorreu em Bonn (Alemanha), em 2012. Algumas agências de notícias denunciaram a
fraude ... , assim como numerosos usuários do Twitter.
Na
era digital, as notícias verdadeiras ou falsas (mentiras ou farsas) espalham
muito rápido. Por isto, as retrações, as
correções ou as matérias que denunciam as farsas, podem fazer muito pouco para
combater a desinformação inicial. Como já argumentei em outro lugar, as
habilidades de verificação digitais são essenciais para os jornalistas de hoje...
LEIA TAMBÉM: Siga os sinais da vida e evite a vida atrofiada
...
Felizmente, existem algumas técnicas de verificação relativamente eficazes, que
não requerem o conhecimento especializado ou algum software e caro. Apresento a
seguir seis formas simples e gratuitas que qualquer leitor de notícias pode
usar para verificar a veracidade da informação.
1) Busca de imagens
reversa
A
pesquisa de imagem reversa é uma ferramenta de verificação simples. Foi com ela
que foi descoberto que a foto da bandeira do ISIS em briga com a polícia alemã
era uma farsa. Tanto no Google Images quanto no TinEye foi encontradas páginas de
2012 que continham esta imagem. Como a captura de tela abaixo mostra, a
história "ISIS refugiado" poderia ser desmascarada em menos de um
segundo.
LEIA TAMBÉM: A verdade é a melhor forma de ser delicado
Quando
um link para a história foi postada no Reddit, os usuários céticos rapidamente foram
ao Google para consultá-lo. Logo, um usuário relatou: "Google Image Search
diz a foto é de 2012".
[Dica
do Regis Mesquita: clique com o botão direito do mouse sobre a imagem. Vai
aparecer a opção – pesquisar esta imagem no Google (no Google Chrome). ]
Ao
assistir o mais recente vídeo viral no YouTube, é importante verificar se ele
não foi “reaproveitado”: um vídeo antigo, que foi baixado do YouTube e
recarregado por alguém que de forma fraudulenta afirma ser de um novo evento.
A
Anistia Internacional tem uma ferramenta simples, mas incrivelmente útil
chamada YouTube DataViewer. Entre no site e insera o URL do vídeo, esta
ferramenta irá extrair tempo de upload do clipe e todas as imagens em miniatura
associadas. Essas informações - que não são facilmente acessível através do
próprio YouTube - permite-lhe realizar uma pesquisa de verificação em duas
vertentes.
O
site permite que você identifique, entre as várias versões de um mesmo vídeo,
qual é a mais antiga. É provável que a mais antiga seja a original e as outras
falsas. Outra fonte de pesquisa são as miniaturas dos vídeos. As imagens miniaturas
também pode ser pesquisadas usando a técnica da imagem inversa. Desta forma,
você encontrará as páginas da web que contém o vídeo, o que oferece um método
rápido e eficaz para identificar versões mais antigas ou informações do mesmo
vídeo.
Coloque
o site Psicologia Racional em seus
favoritos e não perca contato. Venha visitá-lo toda semana.
Fotos,
vídeos e áudio tiradas com câmeras digitais e smartphones contêm informações
Exchangeable Image File (EXIF): são metadados sobre a marca da câmera usada e a
data, hora e local em que a mídia foi criada. Esta informação pode ser muito
útil se você desconfiar da origem do conteúdo. Em tais situações, os leitores
EXIF, como a de Jeffrey Exif Viewer, permitem que você carregue uma imagem ou
digite a URL (endereço) dela para visualizar seus metadados.
Abaixo,
os dados EXIF de uma fotografia que eu tirei de um
acidente de ônibus em Poole, em agosto de 2014. Se eu dissesse que esta foto
foi tirada na semana passada, na cidade de Swanage, seria muito simples de
refutar. Vale a pena notar que, enquanto o Facebook, Instagram e Twitter removem
os dados EXIF quando o conteúdo é carregado para seus servidores, outras
plataformas como o Flickr e WhatsApp os mantém intactos.
FotoForensics
é um site que utiliza a análise do nível de erro (ELA) para identificar as
partes de uma imagem, que podem ter sido modificados ou
"Photoshopeado". Esta ferramenta permite que você ou faça o upload ou
digite a URL de uma imagem suspeita. O site analisa e destaca as áreas nas
quais as disparidades na qualidade sugerem alterações podem ter sido feitas.
Ele também oferece uma série de opções de compartilhamento para que você possa
divulgar o resultado das análises feitas pelo site.
WolframAlpha
é um "software de inteligência computacional", que permite que você
verifique o estado do tempo em um momento e local específicos. Você pode
pesquisar usando critérios como "tempo em Londres, 2:00 em 16 de julho,
2014". Assim, se, por exemplo, uma foto de uma tempestade de neve
arrepiante foi compartilhado com você e WolframAlpha relata que naquele momento
Londres estava com 27 graus de temperatura é claro que a foto ou o contexto são
falsos.
6) Mapas on-line
Identificar
a localização de uma foto suspeita ou vídeo é uma parte importante do processo
de verificação. Google Street View, Google Earth (uma fonte de imagens
históricas de satélite) e Wikimapia (a versão crowdsourced do Google Maps, que
fornece informação adicional) - https://wikimapia.org/ - são todos excelentes ferramentas para realizar
este tipo de trabalho de detetive.
Você
deve identificar se existem pontos de referência para comparação, como, por
exemplo, se a paisagem é a mesma ou se as informações do local batem com o que
é visto . Esses critérios são frequentemente usados para cruzar informações de vídeos ou fotos, a fim de
verificar se eles foram ou não realmente gravados no local que afirmam terem
sido gravados.
[Dica
do Regis Mesquita: duas outras boas maneiras de descobrir se algo é falso:
a)
ficar atento aos comentários dos sites. Algumas vezes será ali que você
encontrará informações relevantes sobre a veracidade da informação.
b)
aproveite da liberdade que você possui e procure fontes complementares de
informação. Por exemplo: obter informações sobre um jogo Corinthians e São
Paulo lendo apenas o que foi escrito por Corinthianos ou somente por São
Paulinos é complicado. As pessoas que compartilharam a imagem falsa que o blog
Tijolaço denuncia provavelmente não leem este blog. Acessam sites parecidos com
os que divulgaram as imagens e que não possuem interesse em divulgar o
desmentido.]
SIGA A PSICOLOGIA RACIONAL NAS REDES SOCIAIS
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário