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Os últimos anos têm sido
marcados por pesquisas em genética que mostram um funcionamento bem diferente do que aprendemos na
escola.
Estas pesquisas mostram a
brutal importância do ambiente sobre
a genética. Propiciou até o surgimento de um novo ramo de estudo: a
epigenética.
O texto abaixo demonstra esta total interação entre os vários aspectos da
vida humana e a genética (neste caso, a transmissão de padrões pessoais para
outras gerações da família). Após o
texto faço algumas considerações sobre os traumas.
'Trauma'
pode ser transmitido entre gerações, sugere estudo
James Gallagher
As pesquisas mostraram que
um evento traumático pode afetar o DNA no esperma e alterar os cérebros e o
comportamento das gerações futuras.
O estudo, publicado na
revista científica Nature Neuroscience, indica que camundongos treinados para
se esquivar de um determinado tipo de odor passaram essa aversão a seus
'netos'.
Especialistas dizem que os
resultados são importantes para as pesquisas sobre fobia e ansiedade.
Os animais foram treinados
para temer um cheiro similar ao da flor de cerejeira.
A equipe, composta por cientistas
da Emory University School of Medicine, nos Estados Unidos, averiguou, então, o
que estava acontecendo dentro do espermatozoide dos camundongos.
Autossabotagem: Fernando Pessoa descreve como a autossabotagem dirige a vida da imensa maioria das pessoas
Os cientistas constataram
que o trecho do DNA responsável pela sensibilidade à essência da flor de
cerejeira estava mais ativo na célula reprodutiva masculina.
Tanto a prole dos
camundongos quanto os descendentes destes demonstraram hipersensibilidade à
flor de laranjeira e se esquivaram dela, mesmo que não tenham passado pela
mesma experiência.
Os pesquisadores também
identificaram mudanças na estrutura dos cérebros desses animais.
"As experiências
vivenciadas pelos pais, mesmo antes da reprodução, influenciaram fortemente
tanto a estrutura quanto a função no sistema nervoso das gerações
subsequentes", concluiu o relatório.
Assuntos
familiares
As descobertas oferecem
evidência de uma "herança epigenética transgeracional", ou seja, de
que o ambiente pode afetar os genes de um indivíduo, que podem então ser
transmitidos a seus herdeiros.
Um dos pesquisadores,
Brian Dias, afirmou à BBC que tal característica "pode ser um mecanismo
pelo qual os descendentes mostram marcas de seus antecessores".
"Não há dúvida de que
o que acontece com o espermatozoide e o óvulo pode afetar as gerações
futuras".
O professor Marcus
Pembrey, da Universidade College London, afirmou que as descobertas são
"altamente relevantes para as fobias, ansiedade e desordens de estresse pós-traumático"
e fornecem "fortes evidências" de que uma forma de memória pode ser
transmitida entre gerações.
Diz ele: "A saúde
publica precisa urgentemente levar em conta as respostas transgeracionais
humanas".
"Acredito que não
entenderemos o aumento nas desordens neuropsiquiátricas ou a obesidade,
diabetes e as perturbações metabólicas sem esse tipo de abordagem
multigeracional".
Comentário de Regis Mesquita:
Um aspecto essencial
quando se discute traumas é: AUTOSSABOTAGEM e autodestruição. É quase
impossível um trauma não carregar junto estes dois destruidores de vidas.
No exemplo do texto, os
ratinhos das novas gerações nascem esquivando (fugindo) da essência de flor de cerejeira.
É um comportamento adaptativo: “existe algo negativo associado a esta essência,
portanto é melhor eu ficar longe”.
Os traumas são mais complexos que o simples esquivar de algo. Eles geram uma carga de negatividade tão grande que se “espalha” por outras áreas
da vida. Os ratinhos vão aprender a esquivar de uma grande quantidade de coisas
que aparecerão associados à essência
de flor de cerejeira.
Funciona assim: é cinco
horas da tarde, o ratinho anda por um jardim quando sente o aroma da flor de
cerejeira. Ele não sabe ao certo o
que é que gera a repulsa, mas sabe que é final de tarde, o cheiro, a
temperatura, etc. Ele passará a associar dezenas de coisas com o cheiro da flor
de cerejeira. Dezenas de coisas (como a hora do dia – iluminação, etc) podem ficar marcadas como negativas após
serem associadas ao trauma.
A carga negativa cresce muito, tornando-se um peso psicológico forte.
Este peso extremo gera a autodestruição e a AUTOSSABOTAGEM.
Este mecanismo é muito bem
observado em mulheres que foram estupradas e desenvolvem nojo do próprio corpo
e/ou muito medo de ter prazer sexual. Seus relacionamentos afetivos são
costumeiramente afetados, por falta de segurança e baixa autoestima.
Antigamente, muitas destas mulheres entravam para conventos, isolando-se da
vida social. Atualmente, muitas destas mulheres evitam ter vínculos profundos
que gerem a formação de um casal (isolando-se também). Esta é a forma do trauma
espalhar por várias áreas da vida da
pessoa.
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As
pessoas que passam por trauma não devem ficar sozinhas e nem tentar esquecer o
problema. É uma péssima estratégia, porque as memórias funcionam
independentemente da vontade da pessoa.
A melhor estratégia é o enfrentamento da situação, com equilíbrio e planejamento.
Raramente o trauma se
desfaz sozinho. Ele passa a ser uma sombra, um tabu, na vida da pessoa. Ele é extremamente resistente, a ponto de
passar até para outras gerações.
Lembre: traumas são “feridas
da alma” muito resistentes e duradouras. São também passíveis de serem
superados – ou seja, existe cura para seu trauma.
Dicas
para lidar com os traumas:
- A prática que muitas
pessoas e suas famílias adotam de esconder os problemas e não “mexer na ferida”
é uma tática muito ruim, pois os traumas tendem a aumentar e a tornarem-se mais
complexos com o passar dos anos, décadas e, agora você sabe, séculos. Portanto:
enfrente-o “de frente”.
- Aceitação da realidade e o desapego são fundamentais para que eventos cotidianos não se transformem em
traumas. Afinal, não são apenas grandes eventos que se transformam em traumas.
Os eventos aos quais a mente das pessoas atribuem
uma grande importância é que se transformam em traumáticos.
- Uma tarefa essencial de
todos os humanos é diminuir a força e a abrangência dos traumas (e também de
outros condicionamentos) que se repetem e estruturam a vida das pessoas. Ou
seja, procure as influências dos traumas em várias áreas da vida e desfaça a ação. Se exponha ao que
considera indesejado, inseguro ou gera mal estar (quando for causado pelos
traumas). Se for persistente, poderá curar a si mesmo deste problema.
- Traumas geram crenças e
percepções. Esteja bem consciente para identificar cada crença e percepção
criadas para sustentar o trauma. Por exemplo: o ratinho poderia ter “a ideia”
(eu sei que rato não pensa) de que a essência de flor de cerejeira dá azar.
Identifique as crenças e percepções e não se deixe guiar por elas.
Dicas retiradas do Livro Nascer Várias Vezes, capítulo:
“Os Traumas devem ser resolvidos na mesma encarnação que surgiram”.
(Conheça todos os capítulos do livro - clique aqui )
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