Por
Regis Mesquita
Pesquisa realizada pelo
Public Religion Research Institute - EUA mostrou que 34% dos jovens dos Estados
Unidos declararam-se sem religião. É um grupo heterogêneo composto por ateus,
agnósticos, pessoas que acreditam em Deus sem ter uma religião formal, etc. Ou
seja, são indivíduos que não se vinculam a um grupo religioso.
Estudos mostram que os
descrentes em uma religião são majoritariamente encontrados em países com alto
nível de desenvolvimento: Suécia (64%), Dinamarca (48%), França (44%), Alemanha (42%).
No Brasil, o número de
pessoas sem religião também não para de crescer. Dados do IBGE indicam que já
são 8% da população brasileira.
O que chama a atenção é o aumento acelerado deste grupo. O que
faz com que pais fiquem preocupados com filhos sem religião. O preconceito tem
sido fonte de conflitos permanentes entre membros de famílias. Afinal, os mais
velhos cresceram com a ideia de que ateus e agnósticos são moralmente muito
liberais, imorais ou não confiáveis.
Traduzindo: o medo dos
pais é que sem religião fique mais fácil para seus filhos fazerem escolhas
ruins. Mas, será que esta preocupação é realmente relevante?
MAIS TEXTOS DE PSICOLOGIA RACIONAL
A importância dos ateus para tornar a humanidade um ambiente melhor para se viver. Sem discriminação contra ateus.
Estudo publicado na
revista “ Current Biology” (Volume 25, Issue 22, p2951–2955, 16 November 2015)
mostra que crianças criadas sem religião são mais altruístas (menos egoístas). Jean Decety, professor da Universidade de
Chicago, nos EUA, diz: “Nossos
resultados contradizem o senso comum
de que crianças de famílias religiosas são mais altruístas e gentis para com os
outros”. “Em nosso estudo, as crianças
de famílias de ateus e não religiosos eram, de fato, mais generosas”. Os dados
“desafiam a visão de que a religiosidade facilita comportamento pró-social e
põe em causa se a religião é vital para o desenvolvimento moral” (1)
LEIA TAMBÉM: Curso: Descobrindo como a mente realmente funciona
Dados do estudo do Public
Religion Research Institute – EUA mostram que os sem religião são mais
tolerantes com os homossexuais, por exemplo. (2) Também se mostram mais
liberais em aceitar a liberdade individual e de decisão pessoal. Isto os torna menos racistas e menos preconceituosos
com outras religiões e estilos de vida.
Outro estudo americano (3)
mostrou que jovens criados em famílias “sem religião” possuem altos níveis de
solidariedade familiar, proximidade emocional entre pais e filhos, fortes
padrões éticos.
Estes dados (e muitos
outros estudos) mostram para os pais que crianças e adolescentes sem religião
possuem a mesma probabilidade de
serem dignas, trabalhadoras e honestas.
Hipocrisia gera desconfiança
Porque uma pessoa precisa
seguir uma religião se ela pode encontrar bons exemplos fora dela? E encontrar
muitos maus exemplos dentro das religiões?
A hipocrisia presente
dentro dos grupos religiosos afasta e gera desconfiança em uma ampla gama de
pessoas. Quantos jovens concordam que a camisinha deve ser proibida?
Quantos jovens concordam com pastores que pedem para alguém doar a casa para
sua igreja? Quantos jovens querem obedecer a algum líder religioso?
O que caracteriza os “sem
religião” é a crença de que a bondade e os bons valores humanos não são
exclusividade de quem frequenta um grupo religioso. Até porque abundam os
exemplos negativos entre os mais religiosos.
Eles estão corretos. À
volta deles existem pessoas “sem religião” lutando para criar um mundo melhor.
Grande parte das pessoas que lutam pela agricultura orgânica e ecologicamente
sustentável são ateus, agnósticos ou sem religião. Por outro lado, grupos
religiosos tendem a serem mais conservadores, mais propensos a perpetuar
preconceitos e se aliarem a outros grupos conservadores (muitos deles combatem as propostas ecológicas, por exemplo).
Liberdade de pensamento e de decisão
Este grupo dos “sem
religião” é composto por pessoas que querem resguardar sua liberdade de
escolha. “Quem manda em mim sou eu. Eu decido pela minha cabeça e não pela
cabeça de outra pessoa.”
Com mais escolaridade,
melhor condição socioeconômica e mais informações, estas pessoas sentem-se
capacitadas para tomarem suas próprias decisões. Percebem que elas e os líderes
religiosos estão no mesmo nível de sabedoria e conhecimento.
Elas sentem que podem se guiarem suas escolhas sem a orientação religiosa. Os países desenvolvidos são os que
possuem mais “sem religião”. Isto prova que uma sociedade com menos religião
continua sendo uma sociedade com baixo nível de criminalidade e alto nível de
coesão social. Ou seja, as pessoas que fazem escolhas sem terem uma orientação
religiosa continuam fazendo escolhas eficientes. Nada muda! Só diminui o poder dos líderes religiosos.
Espiritualidade sim, religião não.
Uma parcela dos “sem
religião” valorizam a espiritualidade. Desvalorizam a religião e as igrejas. A
venda de livros espiritualistas para pessoas que não estão vinculadas a nenhuma
religião está cada vez maior. Procuram estudar e aprender sem depender de uma
igreja ou algum líder. São pessoas que prezam valores humanos como respeito,
compaixão, humildade e procuram ser a cada dia melhores (sem dependerem de
outras pessoas para as pastorearem).
Eu escrevi um livro que
explica a reencarnação. O livro se chama Nascer Várias Vezes, a metade dos
leitores é de “sem religião”. Encaixam no perfil traçado neste texto. São
pessoas de bons valores que não se prendem a grupos religiosos.
O livro Nascer Várias
Vezes: https://www.nascervariasvezes.com/p/introducao-do-livro.html
Concluindo:
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Quando os grupos
religiosos perdem poder, perdem poder também os líderes religiosos. Se olharmos
para a história da humanidade veremos que este fato é muito bom. Quando este pessoal perde poder é certeza de
haver mais paz e menos preconceito na humanidade. Pois, se existe algo que igrejas e líderes religiosos adoram é o poder.
Regis
Mesquita é o autor do site Psicologia Racional e da coluna
“Comportamento Humano” no site Carta Campinas
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VÍDEOS DO CANAL CAMINHO NOBRE
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Régis, boa tarde.
ResponderExcluirEste texto - como os demais por ti escritos, é excelente. Ao lê-lo, me vi falando com meus amigos, pois é exatamente como tento explicá-los minha visão da religião e espiritualidade. Agora, em vez de explicá-los, vou só mandar o link para o texto da sua página e dizer: é isso aí, leiam. Rsrsrs
Aproveito para parabenizá-lo pelos textos tão pertinentes ao nosso cotidiano. A linguagem utilizada também é excelente. Descobri seu blog há alguns dias e estou encantado, lendo os textos anteriores.
Boa semana!
Muito obrigado! Um blog pequeno como este precisa muito do apoio de pessoas como você para divulgá-lo. Esteja sempre com a gente.
ExcluirEncontrei por acaso seu blog muito bom por favor não pare com o bom trabalho ^_^
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