Por
Regis Mesquita
A
cena final:
Os pais levam o filho até
o zoológico de Cincinnati (EUA). O garotinho de quatro anos pula a cerca e
invade a área de confinamento do animal.
Anda pela vegetação e cai
em um fosso dentro do qual vive o Gorila Harambe. A mãe se desespera e as
pessoas chamam por socorro.
O zoológico decide: o
gorila tem que morrer. Assassinaram o gorila Harambe.
Mataram um ser pacífico
que estava trancafiado em um espaço minúsculo. Mataram um gorila de uma espécie
que está desaparecendo do planeta.
A vida é um risco
É lógico que a vida de uma
criança vale mais que a vida de um gorila?
Se o gorila tivesse
escapado e ameaçado a criança, com certeza sim.
Mas, e quando um gorila
está em sua casa prisão e um ser humano invade “seu lar”?
A pergunta é: será que
estes seres nunca tem o direito de ter um pouco de paz?
A mãe e o pai sabiam dos
riscos. Não cuidaram do filho, ele invadiu o único lugar aonde este gorila
podia ficar.
Imagina alguém invadindo
sua casa. Você em paz, vivendo sua vida. A prisão aonde o gorila de 17 anos
estava era seu lar.
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O contexto tem que ensinar algo. Este algo é: existem vidas a serem
preservadas. A vida do gorila e da criança. Os planos de emergência devem
contemplar estas duas necessidades.
Ou seja, mesmo que aumente
o risco do ser humano, a vida do gorila
também deve ser protegida.
Quem era o “gorila gentil”
O apelido foi dado por
funcionários do zoológico. O animal de índole dócil e pacífica chegou ao
zoológico de Cincinnati em 2014. Este zoológico possui um programa de reprodução
desta espécie (gorilas da planície ocidental) em cativeiro.
Na natureza, segundo o
WWF, existem apenas 800 indivíduos. As florestas aonde eles vivem estão sendo
progressivamente destruídas, são caçados e vítimas do tráfico de animais
silvestres. O tráfico de animais silvestres movimenta mais de 20 bilhões de
dólares por ano. Traficam de tudo, de borboletas a filhotes de gorilas.
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Ou seja, os seres humanos
não dão trégua para os gorilas da planície ocidental.
Para aumentar a
variabilidade genética, zoológicos fazem intercâmbio de animais para
reprodução. Foi assim que o gorila prisioneiro foi levado do seu antigo lar em
um zoológico no Texas para Cincinnati.
Diversão de humano, desgraça dos animais
O ser humano gosta de se
divertir. Quer ver os animais “de pertinho”. Os zoológicos surgiram para
propiciar esta aproximação. Por causa dos constantes maus tratos aos animais
foram criadas muitas regras para esta atividade.
São regras de bem estar mínimas. Estas regras são atacadas
diariamente. São chamadas pejorativamente de burocracia.
Estas regras determinam
desde o tamanho das jaulas dos animais até regras de alimentação. São direitos mínimos, pequenos para quem
nasceu para andar muitos quilômetros por dia e fica encarcerado em uma área
minúscula (para suas necessidades).
Associações de defesa de
animais querem que eles vivam em liberdade (o fim dos zoológicos) e/ou que eles
tenham pelo menos o direito à sua
vida preservada.
Funcionaria assim: pelo
menos dentro do zoológico os animais teriam seu direito à vida preservado e
garantido como prioritário.
Se uma pessoa entrar
novamente em um recinto prisão de um gorila de 400 kilos, ele (ou a família)
sabe do risco. Dentro deste local, a vida a ser preservada é do animal. Pelo
menos dentro de sua jaula o animal deve ter a garantia de vida frente a invasão
dos humanos. A regra seria: tentar tirar o ser humano de lá de dentro sem machucar o animal.
Quem não aceitar esta
regra deve procurar outro lugar para se divertir.
Equilíbrio gera desafios
Depois de muitas décadas
de resistência, a indústria de cosméticos está parando de testar seus produtos
em animais. Sob pressão, ela desenvolveu outras formas de pesquisa e
desenvolvimento para seus produtos.
Diziam que não era
possível, descobriu que era sim possível. Milhões de animais deixarão de sofrer
maus tratos.
Sob pressão, as
autoridades dos zoológicos vão buscar soluções para resgatar seres humanos sem
assassinar gorilas ou outros animais. Mas, primeiro deve vir a regra: dentro de
suas jaulas, dentro de suas prisões a prioridade de vida é dos animais. Pelo
menos dentro de suas prisões...
DICA: desenvolva a MENTE NEUTRA, a mente que vai te ajudar a não gerar sofrimentos em outros seres.
ASSISTA O VÍDEO: Mente Neutra, a mente superior
Autor: Regis
Mesquita é o autor do site Psicologia Racional e da coluna “Comportamento Humano” no site Carta Campinas
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Régis, texto corajoso e sensato. Despe-se dos pseudo-moralismos e clichês para apresentar uma visão lógica, coerente, do fato. Mais um texto que representa bem o título do blog. Parabéns.
ResponderExcluirParabéns pelo blog Régis, e o brigado por compartilhar seus textos com o mundo. É um privilégio poder lê-lo.
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