quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Por que os adolescentes e crianças de hoje tem mais ansiedade do que as crianças da década de 1950? A era da ansiedade.



Depressão e ansiedade estão aumentando porque falta sabedoria



Uma má notícia para pais, mães e educadores. O nível de ansiedade das crianças e adolescentes normais de hoje é maior do que os níveis alcançados por crianças e adolescentes com problemas psicológicos na década de 1950. Portanto, os níveis atuais de ansiedade são muito maiores do que os encontrados em crianças normais na década de 1950.

As implicações são seríssimas: mais sofrimento, mais irritabilidade, inconstância, insatisfação, desânimo, desistência, etc. Por outro lado, menos resiliência, menos determinação, menos flexibilidade, menor capacidade de tolerar desconforto físico ou emocional, etc. Outro traço da ansiedade é a dificuldade de sacrificar seu prazer imediato por um prazer ou conquista maior futura.


Mais ansiedade entre jovens significa mais depressão futura, mais doenças psicossomáticas, mais dores pelo corpo. Ansiedade e stress andam juntos, um potencializa o outro. A sociedade moderna corre o risco de ter uma geração que viverá menos que seus pais; seja por ter menos atividades físicas e maior obesidade; seja pelo risco representado por bactérias resistentes a medicamentos; mas também, por causa do alto nível de ansiedade gerando pessoas com pior qualidade de vida emocional e psicológica.

Traduzindo: pessoas infelizes sofrem mais, adoecem mais e vivem menos (na média).

Preste atenção: é muito provável que seu filho possua um nível de ansiedade bem mais alto do que você supõe.




Por que isto está acontecendo?

Sugiro que você leia o seguinte texto: “When Anxiety Hits at School (quando a ansiedade chega na escola – tradução livre minha) https://www.theatlantic.com/health/archive/2014/10/when-anxiety-hits-at-school/380622/ [se você não lê em inglês, clique com o mouse do lado direito e peça para o Google traduzir]


O texto descreve a experiência de enfermeiros e outros profissionais de escolas ao lidarem com as diversas formas de ansiedade e dificuldades mentais.

Vou além. Darei outros motivos para esta epidemia, alguns poderão te surpreender.

Seu filho está com mais ansiedade porque o modelo de vida atual está indo contra a natureza humana. O que é normal hoje será visto daqui a alguns séculos como loucura e insanidade (igual a visão que  você tem hoje das pessoas que praticavam sacrifícios humanos).

Abaixo enumero alguns motivos (o que vale para criança também vale para adulto):


O corpo humano se adaptou para viver na natureza. Realço aqui dois fatores importantes:

a) troca energética. O contato com a terra e com a vegetação, cumpre o papel do fio terra: escoar a energia. Esta energia que fica “estagnada” no corpo atua de modo negativo; por isto, gera incômodo, ansiedade, doenças, etc.

b) espaços amplos, repletos de natureza, baixam o stress das pessoas. Basta observar a reação das pessoas ao verem uma foto de por do sol. Elas dizem: “que paz”. Este é o sentimento que a foto induz dentro da pessoa. Se uma foto gera esta resposta, imagina a resposta do organismo quando está em contato com a natureza! A resposta do corpo é um profundo relaxamento. Estar na natureza e observá-la gera paz e desestressa, baixando a ansiedade.




2) teu filho movimenta muito pouco o corpo


Na minha infância, no domingo, as crianças começavam a brincar de correr as 9 horas da manhã, paravam um pouco para o almoço, depois voltavam e corriam/brincavam até as 19 horas. Entravam em casa, tomavam banho, comiam e dormiam exaustos. Quantas crianças hoje em dia tem este preparo físico? Muito poucas; cada vez menos.

As crianças cansam com uma ou duas horas correndo. Muito pouco! O resultado é que esta geração mais obesa e sedentária vai ter mais problemas cardíacos, mais jovens. Além dos problemas físicos, aparecem os problemas psicológicos – a ansiedade inclusive.

O corpo que se movimenta e brinca muito tem mais prazer. A mente fica em paz durante o brincar e o sorriso acontece mais facilmente. Brincar muito e com muitas crianças gera paz, autoconfiança e bem estar. 




3) na vida do seu filho os valores são, muitas vezes, puro blá, blá, blá


Observe: dois meninos sofreram a mesma frustração. Um deles havia desenvolvido a gratidão, a boa vontade e o servir; em dois dias superou o problema. O outro não desenvolveu as qualidades nobres; depois de um mês ainda sofria com a frustração. Tinha raiva e desejo de vingança.

Quem sofreu mais? Quem teve mais ansiedade? Quem ficou mergulhado em negatividades?

CLIQUE AQUI
Valores nobres servem para a pessoa superar dificuldades mais rapidamente. Além de aumentar o nível de satisfação e autoestima. Se a pessoa tem gratidão ela tende a ter menos ansiedade do que a pessoa que tem raiva.

A gratidão infantil surge do fato de cuidar dos brinquedos, por exemplo. Quando a criança tem demais, ela não dá valor às coisas, nem às pessoas, nem às oportunidades (Aprenda lendo este texto). 

É muito difícil gerar bons valores criando filhos egoístas e cheios de vontades e desejos (já alertei para este problema nestes textos: aqui e aqui


4) muitos objetivos e desejos, baixo resultado


Crenças erradas geram problemas. Por exemplo: os pais dizem que estão educando os filhos para um mundo mais competitivo e que as crianças tem que saber mais de tudo. Isto é apenas parcialmente verdade.

Esta “neurose” reflete a própria insatisfação e a insegurança dos pais. Além, é claro, de ser uma faceta do consumismo desenfreado que faz os pais matricularem seus filhos em uma infinidade de atividades.

Menos é mais quando há um aprofundamento do conhecimento, da habilidade e da sabedoria.

Explico: um adolescente que toca violão MUITO bem terá muito prazer com a música. Para ele será fácil tocar violão. A música melhorará sua sociabilidade e sua autoestima. Será fonte de paz e alegria em sua vida.

Quando a criança tem muitos objetivos, ela fica mais ou menos em todas (além de desistir). Isto significa esforço alto (tudo somado dá muito esforço) para resultado baixo. Se a criança tocar violão mais ou menos ficará desestimulada e viverá sem ter algo que “dure para sempre”.
(leia mais sobre stress: Regras simples para diminuir o stress )


5) mente sempre ativa, não descansa – sempre desejando


Uma das características da era atual é o checar email, instagram, twitter. Quem posta algo fica atento para saber a quantidade de curtidas (reconhecimento). Quanto mais curtidas, mais status positivo.

Na prática, a mente está sempre excitada. Seja por estímulos luminosos, seja por uma gama enorme de informações fragmentadas.

Os momentos de recolhimento estão menores e o resultado é o sono que não descansa, o corpo que está sempre cansado, a ansiedade, a angústia, os desejos que se multiplicam.

Posturas mais introvertida como a leitura, a meditação, a oração, prática de yoga, entre outros, estão se popularizando porque são meios de compensar esta extrema excitabilidade mental.







6) isolamento torna tudo mais complicado (o mal do individualismo)


Observe:

1) seu filho fica na frente da televisão por várias horas por dia (sozinho). Pouco cria, pouco desenvolve.

2) sua avó, que mora sozinha, deixou de fazer comida (cozinhar) porque é “mais prático” comprar comida pronta.

Sem motivação, sempre o mais prático será não fazer nada. Ser passivo e consumir (ao invés de ser ativo e produzir).

Se sua família for passar um final de semana na casa da sua avó, ela vai ficar tão feliz que pensará em cozinhar bolo, fazer aquele prato especial... Com a criança é a mesma coisa: criar, desenvolver e produzir em situações grupais é muito mais fácil e mais estimulante.

O individualismo isola as pessoas. Torna tudo mais complicado e com menos recompensa/motivação. Isto significa vidas mais pobres e com menos motivação (e mais complicadas).

Um pai que compra pão para cinco pessoas tem o mesmo trabalho que comprar para uma pessoa. Mas, ao comprar para cinco ele se sente útil, exercita seu amor, tem a certeza de que está cumprindo seu dever (consciência em paz e reforço da autoestima).

A criança que constrói uma cena (casinha, por exemplo) com outras pessoas fica feliz em compartilhar, dividir, fazer junto. A brincadeira fica mais dinâmica e a interação entre elas faz o prazer ser muito maior.

À medida que o individualismo e o isolamento aumentam diminui a intensidade da satisfação. A baixa satisfação gera incômodo (sensação de “falta alguma coisa...”), o que aumenta a ansiedade e a angústia.

Traduzindo: seu filho é muito mais feliz se brincar com muitas crianças, interagir com elas. No final, ele terá paz e um “belo sorriso”. Sua avó será muito mais feliz se estiver rodeada de pessoas “dando trabalho para ela”. Sentirá mais útil, mais satisfeita e mais em paz.


Com certeza existem outras razões para o aumento brutal da ansiedade na era atual. Reflita sobre os temas abordados e pense em algumas atitudes práticas para sua vida (andar descalço na grama, por exemplo).


Atenção: no final da página encontra um vídeo bônus. Uma reflexão sobre o uso da respiração para combater a ansiedade, aquietar a mente e muito mais. Te convido para assisti-lo agora.


Autor: Regis Mesquita
Contato, Orientação e Terapia: regismesquita@hotmail.com


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Vídeo Bônus: 

Introdução ao uso da respiração para aquietar a mente e facilitar a abertura para a espiritualidade





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2 comentários:

  1. Cheguei ao seu blog pelo seu texto sobre autolesao. Obrigada por postar até hoje. Sofro com autolesao desde criança. Creio que o ambiente e problemas no desenvolvimento vieram a causar isso;

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  2. Queria dizer que tenho 14 anos e sofro de uma ansiedade extremamente fora do comum, sou ansiosa simplesmente para tudo. Comecei um tratamento a alguns meses com uma pediatra e uma psicóloga. Todos os dias tenho que tomar remédio para controlar. Vejo que é muito comum ter esse tipo de problema hj em dia. Tenho alguns amigos que tbm tem esse problema.

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