Uma má notícia para pais,
mães e educadores. O nível de ansiedade das crianças e adolescentes normais de
hoje é maior do que os níveis
alcançados por crianças e adolescentes com
problemas psicológicos na década de 1950. Portanto, os níveis atuais de
ansiedade são muito maiores do que
os encontrados em crianças normais na década de 1950.
As implicações são
seríssimas: mais sofrimento, mais irritabilidade, inconstância, insatisfação,
desânimo, desistência, etc. Por outro lado, menos resiliência, menos
determinação, menos flexibilidade, menor capacidade de tolerar desconforto
físico ou emocional, etc. Outro traço da ansiedade é a dificuldade de
sacrificar seu prazer imediato por um prazer ou conquista maior futura.
Mais ansiedade entre
jovens significa mais depressão futura, mais doenças psicossomáticas, mais
dores pelo corpo. Ansiedade e stress andam juntos, um potencializa o outro. A
sociedade moderna corre o risco de ter uma geração que viverá menos que seus pais; seja por ter menos atividades físicas e
maior obesidade; seja pelo risco representado por bactérias resistentes a
medicamentos; mas também, por causa do alto nível de ansiedade gerando pessoas
com pior qualidade de vida emocional e psicológica.
Traduzindo: pessoas
infelizes sofrem mais, adoecem mais e vivem menos (na média).
Preste atenção: é muito provável
que seu filho possua um nível de ansiedade bem mais alto do que você supõe.
Por que
isto está acontecendo?
Sugiro que você leia o
seguinte texto: “When Anxiety Hits at School (quando a ansiedade chega na
escola – tradução livre minha) https://www.theatlantic.com/health/archive/2014/10/when-anxiety-hits-at-school/380622/
[se você não lê em inglês, clique com o mouse do lado direito e peça para o
Google traduzir]
O texto descreve a
experiência de enfermeiros e outros profissionais de escolas ao lidarem com as
diversas formas de ansiedade e dificuldades mentais.
Vou além. Darei outros
motivos para esta epidemia, alguns poderão te surpreender.
Seu filho está com mais
ansiedade porque o modelo de vida atual está indo contra a natureza humana. O
que é normal hoje será visto daqui a alguns séculos como loucura e insanidade
(igual a visão que você tem hoje das pessoas que praticavam sacrifícios
humanos).
Abaixo enumero alguns
motivos (o que vale para criança também vale para adulto):
O corpo humano se adaptou
para viver na natureza. Realço aqui dois fatores importantes:
a) troca energética. O
contato com a terra e com a vegetação, cumpre o papel do fio terra: escoar a
energia. Esta energia que fica “estagnada” no corpo atua de modo negativo; por
isto, gera incômodo, ansiedade, doenças, etc.
b) espaços amplos,
repletos de natureza, baixam o stress das pessoas. Basta observar a reação das
pessoas ao verem uma foto de por do sol. Elas dizem: “que paz”. Este é o
sentimento que a foto induz dentro da pessoa. Se uma foto gera esta resposta,
imagina a resposta do organismo quando está em contato com a natureza! A
resposta do corpo é um profundo relaxamento. Estar na natureza e observá-la
gera paz e desestressa, baixando a ansiedade.
2) teu filho movimenta muito pouco o corpo
Na minha infância, no
domingo, as crianças começavam a brincar de correr as 9 horas da manhã, paravam
um pouco para o almoço, depois voltavam e corriam/brincavam até as 19 horas.
Entravam em casa, tomavam banho, comiam e dormiam exaustos. Quantas crianças hoje em dia tem este
preparo físico? Muito poucas; cada vez menos.
As crianças cansam com uma
ou duas horas correndo. Muito pouco! O resultado é que esta geração mais obesa
e sedentária vai ter mais problemas cardíacos, mais jovens. Além dos problemas
físicos, aparecem os problemas psicológicos – a ansiedade inclusive.
O corpo que se movimenta e
brinca muito tem mais prazer. A
mente fica em paz durante o brincar e o sorriso acontece mais facilmente.
Brincar muito e com muitas crianças gera paz, autoconfiança e bem estar.
3) na vida do seu filho os valores são, muitas vezes, puro blá, blá, blá
Observe: dois meninos
sofreram a mesma frustração. Um deles havia desenvolvido a gratidão, a boa
vontade e o servir; em dois dias superou o problema. O outro não desenvolveu as
qualidades nobres; depois de um mês ainda sofria com a frustração. Tinha raiva
e desejo de vingança.
Quem sofreu mais? Quem
teve mais ansiedade? Quem ficou mergulhado em negatividades?
CLIQUE AQUI |
A gratidão infantil surge
do fato de cuidar dos brinquedos, por exemplo. Quando a criança tem demais, ela
não dá valor às coisas, nem às pessoas, nem às oportunidades (Aprenda lendo este texto).
É muito difícil gerar bons
valores criando filhos egoístas e cheios de vontades e desejos (já alertei para
este problema nestes textos: aqui e aqui)
4) muitos objetivos e desejos, baixo resultado
Crenças erradas geram problemas. Por exemplo: os pais dizem que estão
educando os filhos para um mundo mais competitivo e que as crianças tem que saber
mais de tudo. Isto é apenas parcialmente
verdade.
Esta “neurose” reflete a
própria insatisfação e a insegurança dos pais. Além, é claro, de ser uma faceta
do consumismo desenfreado que faz os pais matricularem seus filhos em uma
infinidade de atividades.
LEIA E ASSISTA OS VÍDEOS: Introdução ao uso da respiração para aquietar a mente, relaxar o corpo e diminuir o stress.
Menos
é mais quando há um aprofundamento do conhecimento, da
habilidade e da sabedoria.
Explico: um adolescente
que toca violão MUITO bem terá muito prazer com a música. Para ele será fácil
tocar violão. A música melhorará sua sociabilidade e sua autoestima.
Será fonte de paz e alegria em sua vida.
Quando a criança tem
muitos objetivos, ela fica mais ou menos em todas (além de desistir). Isto
significa esforço alto (tudo somado dá muito esforço) para resultado baixo. Se
a criança tocar violão mais ou menos ficará desestimulada e viverá sem ter algo
que “dure para sempre”.
(leia mais sobre stress: Regras simples para diminuir o stress )
5) mente sempre ativa, não descansa – sempre desejando
Uma das características da
era atual é o checar email, instagram, twitter. Quem posta algo fica atento
para saber a quantidade de curtidas (reconhecimento). Quanto mais curtidas,
mais status positivo.
Na prática, a mente está
sempre excitada. Seja por estímulos luminosos, seja por uma gama enorme de
informações fragmentadas.
Os momentos de
recolhimento estão menores e o resultado é o sono que não descansa, o corpo que
está sempre cansado, a ansiedade, a angústia, os desejos que se multiplicam.
Posturas mais introvertida
como a leitura, a meditação, a oração, prática de yoga, entre outros, estão se
popularizando porque são meios de compensar esta extrema excitabilidade mental.
6) isolamento torna tudo mais complicado (o mal do individualismo)
Observe:
1) seu filho fica na
frente da televisão por várias horas por dia (sozinho). Pouco cria, pouco
desenvolve.
2) sua avó, que mora
sozinha, deixou de fazer comida (cozinhar) porque é “mais prático” comprar
comida pronta.
Sem
motivação, sempre o mais prático será não fazer nada. Ser passivo e consumir
(ao invés de ser ativo e produzir).
Se sua família for passar
um final de semana na casa da sua avó, ela vai ficar tão feliz que pensará em
cozinhar bolo, fazer aquele prato especial... Com a criança é a mesma coisa: criar, desenvolver e produzir em situações
grupais é muito mais fácil e mais estimulante.
O individualismo isola as pessoas. Torna tudo mais complicado e com menos recompensa/motivação. Isto
significa vidas mais pobres e com menos motivação (e mais complicadas).
Um pai que compra pão para
cinco pessoas tem o mesmo trabalho que comprar para uma pessoa. Mas, ao comprar
para cinco ele se sente útil, exercita seu amor, tem a certeza de que está
cumprindo seu dever (consciência em paz e reforço da autoestima).
A criança que constrói uma
cena (casinha, por exemplo) com outras pessoas fica feliz em compartilhar,
dividir, fazer junto. A brincadeira fica mais dinâmica e a interação entre elas
faz o prazer ser muito maior.
À medida que o
individualismo e o isolamento aumentam diminui a intensidade da satisfação. A
baixa satisfação gera incômodo (sensação de “falta alguma coisa...”), o que
aumenta a ansiedade e a angústia.
Traduzindo: seu filho é
muito mais feliz se brincar com muitas crianças, interagir com elas. No final,
ele terá paz e um “belo sorriso”. Sua avó será muito mais feliz se estiver
rodeada de pessoas “dando trabalho para ela”. Sentirá mais útil, mais
satisfeita e mais em paz.
Com certeza existem outras
razões para o aumento brutal da ansiedade na era atual. Reflita sobre os temas
abordados e pense em algumas atitudes práticas para sua vida (andar descalço na
grama, por exemplo).
Atenção: no final da página encontra um vídeo bônus. Uma reflexão sobre o uso da respiração para combater a ansiedade, aquietar a mente e muito mais. Te convido para assisti-lo agora.
Autor: Regis Mesquita
Contato, Orientação e Terapia: regismesquita@hotmail.com
A arte de aumentar o próprio sofrimento
Aceitação: tempo para aprender com as situações da vida
Dezenas de textos sobre adolescentes
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Autor: Regis Mesquita
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Cheguei ao seu blog pelo seu texto sobre autolesao. Obrigada por postar até hoje. Sofro com autolesao desde criança. Creio que o ambiente e problemas no desenvolvimento vieram a causar isso;
ResponderExcluirQueria dizer que tenho 14 anos e sofro de uma ansiedade extremamente fora do comum, sou ansiosa simplesmente para tudo. Comecei um tratamento a alguns meses com uma pediatra e uma psicóloga. Todos os dias tenho que tomar remédio para controlar. Vejo que é muito comum ter esse tipo de problema hj em dia. Tenho alguns amigos que tbm tem esse problema.
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